quarta-feira, 26 de maio de 2010

Um homem com uma câmera,1929

Ainda nos anos 1920, a Rússia também mostrou-se capaz de criar uma escola cinematográfica de vanguarda. O governo apoiava o cinema, pois via nele uma forma eficaz de transmitir suas mensagens, recém saída de uma Revolução, apresentou nomes como Sergei Eisenstein (1898–1948), Vsevolod Pudovkin (1893–1953), Dziga Vertov (1986–1954) que colaboraram no desenvolvimento da linguagem cinematográfica a partir de suas experimentações, a fim de provocar um outro tipo de raciocínio no espectador que o levasse a refletir sob sua condição enquanto parte de uma sociedade.
O Construtivismo Russo alimentava-se da idéia de negação de uma “arte pura”. Segundo eles, as artes deveriam se inspirar nas novas perspectivas trazidas pela industrialização e contribuir para a construção do socialismo. Os principais temas tratados são trabalho e luta operária.
Para Eisenstein (1990a, p. 35), “a cinematografia é, em primeiro lugar e antes de tudo, montagem”.  A arte de montar vai além do trabalho de juntar pedaços de filmes, é o processo do pensar a projeção do sistema dialético das coisas.
“O pensamento humano é montagem e a cultura humana é resultado de um precesso de montagem onde o passado não desaparece e sim se reincorpora, reinterpretado, no presente” (Avellar, 1990a, p.8).

A montagem já existia na pintura, no teatro, na música com Debussy, na prosa com Tolstoi, na poesia de Maiakovski, através dela se forma uma nova idéia a partir de uma fusão/colisão de planos independentes.
Ao buscar a verdade por trás das ações mais corriqueiras da vida, Vertov criou documentários carregados de poesia e lirismo, utilizando seu conhecimento sobre os recursos da montagem cinematográfica.
Segundo Vertov, a introdução da câmera na realidade a ser filmada não deve alterar a composição dessa realidade. Sua teoria do cinema-olho coloca como necessário o registro das imagens sem interferência no comportamento natural dessa realidade. Por isso, ele rotulava os filmes russos da época de "filmes encenados". A encenação para ele era um elemento artificial imposto à natureza daquela realidade, o que destruiría a autenticidade do registro.
Assim, o trabalho de Vertov é uma tentativa de resolução de um conflito entre construção e verdade, ou seja realismos e experimentação. Por um lado, ele se liga ao construtivismo, pelas máquinas e tecnologia; por outro, ele busca uma verdade que não deve sofrer manipulações, ou seja, “pura”.
O próprio título do filme, Um homem com uma câmera,1929, sugere além da  aproximação do homem com a máquina, uma analogia entre eles.
O filme mostra também imagens feitas do alto de edifícios, local onde se tem uma visão mais ampla do que ocorre em uma cidade. Isto impressionou os espectadores devido ao reduzido número de prédios da época.
A complexidade e aceleração do ritmo métrico produz impressão de confusão ao expectador .
Em Um homem com uma câmera, 1929, o giro da manivela da câmera é substituído pelo ruído das rodas de uma locomotiva, estabelecendo uma relação metafórica sonora entre a câmera (meio de expressão), e o trem (meio de transporte)

Referências:
EISENSTEIN, Sergei. A forma do filme; apresentação, notas e revisão técnica, José Carlos Avelar. Rio de Janeiro : Jorge Zahar Ed., 2002.
AUMONT, Jacques. A imagem. Lisboa: Edições Texto & Grafia Ltda. , 2005
PALÚ, João Paulo. As relações no processo de montagem cinematográfica entre os filmes   “Um homem com uma câmera” e “Koyaanisqatsi”. São Paulo: UNESP – Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação – Programa de pós-graduação em
Comunicação. Acessado no mês de maio de 2010, disponível em <http://www.faac.unesp.br/posgraduacao/Pos_Comunicacao/pdfs/joaopaulo.pdf>

terça-feira, 18 de maio de 2010

arraial_porto_das_caixas.jpg

CineQuintal
Toda Quinta-Feira às 20h
20 de maio | 2010
Arraial do Cabo |  direção  Mario Carneiro e Paulo César Saraceni
(Brasil | 1959 | P&B | 17′)

comentada por  Oswaldo Teixeira

Sinopse

Com fotografia de Mário Carneiro, que co-dirige o filme, e texto do jornalista Claudio Mello Souza, o documentário mostra as transformações sociais e as interferências nas formas de vida de pescadores do vilarejo de Arraial do Cabo, no litoral do Estado do Rio de Janeiro. A Fábrica Nacional de Álcalis, que se instalou no local, causa a morte dos peixes, o que faz com que muitos integrantes da comunidade partam em busca de trabalho. Os modos tradicionais de produção se chocam com os problemas da industrialização. 
Porto das Caixas |  direção  Paulo César Saraceni
(Brasil | 1962 | P&B | 80′)

Sinopse

Uma mulher, querendo matar o marido que a oprime, procura ajuda de seu amante, de um soldado e de um barbeiro, mas eles se negam a cometer o crime. A cidade do interior onde moram revela a decadência: uma fábrica parada, um convento em ruínas, o barulho de trem, um vazio parque de diversões, uma feira sem entusiasmo, um comício sem força reivindicatória. Disposta a libertar-se do meio, a mulher decide colocar seu plano em prática sozinha.

Oswaldo Teixeira estuda cinema no doutorado em Comunicação Social da UFMG, é radialista e jardineiro, sócio-fundador da Associação Imagem Comunitária e colaborador da Filmes de Quintal, onde realiza curadorias para o forumdoc.bh. Atualmente, prepara seu primeiro filme.
________________________
Associação Filmes de Quintal | Av. Brasil, 75/sala 06, Santa Efigênia
CEP 30140-000 - Belo Horizonte - MG - Brasil | fone: 55 31 3889-1997
www.filmesdequintal.org.br

domingo, 16 de maio de 2010

Das Kabinett des Doktor Caligari

O Gabinete do Dr. Caligari , Robert Wiene (Das Kabinett des Doktor Caligari) estreouo em 27 de fevereiro de 1920 entrou para a história do cinema mudo alemão e mundial como um dos primeiros filmes de suspense, dos primeiros a serem produzidos em estúdio – numa pequena casa em Berlim-Weissensee, no inverno de 1919-1920 -  e uma obra-prima do Expressionismo. Em tom surrealista, estranhos efeitos de luz e sombra compõe o clima psicológico, juntamente com cenários e ângulos distorcidos.


Os cenários, criados em pedaços de madeira e pano pelos pintores expressionistas Walter Reimann e Walter Rohrig e pelo cenógrafo Hermann Warm, ainda existem e fazem parte do acervo do Museu do Cinema Henri Langlois, em Paris. Fritz Lang, que se tornaria um célebre diretor alemão dos anos 20, colaborou no roteiro.


Na Alemanha pós I Guerra Mundial surge um movimento de vanguarda dos mais representativos, o expressionismo que iniciou-se na pintura com Ernst Ludwig Kirchner (1880 – 1935), Vassily Kandinsky (1866 – 1944) e Paul Klee (1879 – 1940), mais tarde acrescentando ao cinema  nuances até então não imaginados.
O Gabinete do Dr. Caligari (1919), de Robert Wiene, trazia a história de um médico recém chegado a um vilarejo, que transforma seu sonâmbulo assistente em um assassino. O filme tem um clima sombrio provocado pelos cenários e técnicas de iluminação, que viriam a ser uma marca da escola expressionista. Além da composição sombria, a temática e a estrutura narrativa são pontos comuns entre os filmes expressionistas.

Wiene utiliza técnicas de iluminação que dão um ar dúbio ao personagem, em O Gabinete do Dr. Caligari, ocorre uma inversão de papéis, quando o
sonâmbulo hipnotizado pelo Dr. Caligari volta-se contra ele e, de vítima, passa à condição de carrasco; a luz enfatiza essa transformação.  A sombra é um elemento particular da iluminação, que pode denotar ameaça, angústia; a sombra do sonâmbulo assassino encobrindo sua vítima já transmite ao
espectador o assassinato prestes a acontecer. Luz e sombras representam a
dicotomia bem versus mal; aspecto presente no cinema expressionista, onde personagens “bons” recebem “mais luz” do que personagens de má índole.
Quanto à temática,os filmes expressionistas tratam do fantástico e do sombrio, trazendo uma enorme galeria de personagens vilões geralmente ligados ao sobrenatural ou à loucura.


Este filme é de domínio público, pra quem ficou curioso vai ai o link no youtube 

Ficha

Título original: Das Cabinet des Dr. Caligari.
Ano/País/Gênero/Duração:  1919/ALE/Terror/78min
Produção:  Rudolf Meinert e Erich Pommer
Direção: Robert Wiene
Roteiro:  Hans Janowitz e Carl Mayer
Fotografia: Willy Hameister
Música: Alfredo Antonini
       
Elenco:

Werner Krauss     ...     Dr. Caligari
Conrad Veidt    ...     Cesare
Friedrich Feher    ...     Francis
Lil Dagover    ...         Jane Olsen
Hans Heinrich    ...     Alan
Rudolf Lettinger    ...     Dr. Olsen

terça-feira, 4 de maio de 2010

Diálogo

-Ah! Eu já fui viciada nisso! (risos) Nossa! (mais risos)
- alemão.(pausa)  2008, né?  olha.(pausa) ele que dirigiu aquele filme...(pensando)
-Eu sei como é...(trago no cigarro)
- aquele..., lembra? que um cara fuma todos, fica doidão...(olhos apertados)
- Agora eu to em outra onda.... (mais um trago) acontece um monte de coisa...(fumaça)
- Outro vício.
- ... ele, (pausa)ele se mete em confusão.
- Sempre ele né?
- ... mas no final...(pausa) tudo acaba bem...
- (outro trago)... o vício...