quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Vinha ela pela rua quando avistou um homem de terno, um ou dois números maior do que o seu, naquele calor e carregando uns papéis. Deve ser jornal de igreja, pensou e andou mais rápido entrando numa lojinha. Pois não é que o sujeito entrou e logo se apresentou exclamando: Como você parece com minha ex-mulher!
Putz! Era só o que faltava.
E o sujeito continuou, contando que a mulher morreu num parto difícil, o único amor de sua vida. Tem uma filha de 23 anos morando em São Paulo. Teve uma outra namorada, Ana Paula, que queria ser modelo e foi-se embora, abandonando-o. Pobre coitado. Não parava de falar e ela com aquele sorriso amarelo pensando como iria sair dali.
Foi quando ele respirou, ela mais do que depressa: prazer em conhecê-lo, muitas felicidades!
Saiu andando aliviada.

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

tus ojos

tus ojos negros
dulces como la luz del crepúsculo
se llenaban a veces de deserto
como la noche oscura


tus ojos negros 
tienem delícias y tristezas
memórias en la noche
recordadas à la luz
incierta de la madrugada


tus ojos negros 
que lindos tus ojos
el mirar de tus ojos
y más, el aire de tu mirada
sobre mi corazón

terça-feira, 22 de novembro de 2011

16:13

e quando de repente chega o vento
trazendo gotas d´água
e folhas coloridas
como confetes caídos do céu
sobe até as narinas
a terra esquecida
lava corpo
lava alma
refresca o pensamento
acalanta o coração

sexta-feira, 26 de agosto de 2011


olhares perdidos
na grande imensidão
procuram em vão

vagas imagens
desejos esquecidos
buscam abrigo

solar reflexão
lembranças nas bolhas
no vento se vão

domingo, 10 de julho de 2011

 


Vivia sem saber. Apenas vivia, e isso...doía. Não tinha relógio mas gostava de sentir as horas. Não pensava porque pensar também lhe doía. Então rezava indiferentemente. Um dia, ouvira no rádio : “Arrepende-te dos teus pecados e Deus lhe perdoará.” Arrependeu-se toda e completamente, sem saber exatamente do que. Porém, continuava doendo. Se doía o tempo todo. Um dia, viu uma propaganda que prometia acabar com a dor em instantes. Passou a tomar aspirinas regularmente. Em pouco tempo desenvolvera a habilidade de saber engolir o comprimido sem água. A dor? Ah... a dor continuava, mas adquirira o difícil hábito de engolir a seco.